Fernando Raposo
ÁLVARO CANELAS, UM ARTISTA ALBICASTRENSE CIDADÃO DO MUNDO
Este é o título da mais recente obra de Adelaide Salvado que no último sábado, 21 de Abril, foi apresentada ao público, no Museu Francisco Tavares Proença Júnior.
Pela iniciativa da Sociedade dos Amigos daquele museu que promoveu o estudo e a sua publicação, sob a chancela da RVJ editores, pelo trabalho de pesquisa da autora, paciente e aturado, sobre a vida e obra de Álvaro Canelas que, na década de 30 do século passado, teve um papel muito relevante nos domínios da arte, da cultura e da intervenção social, sobretudo em Lisboa e Castelo Branco, sua terra natal, resgatando-se assim, a sua memória do anonimato, devem os albicastrenses sentir-se muito orgulhosos. A memória do seu passado e a de todos aqueles que através das suas acções e dos seus percursos de vida ajudaram a fazer a história da nossa terra, Castelo Branco, devem merecer todo o nosso apreço e os seus exemplos serem tidos como referência.
Ainda que esta biografia, sendo incompleta e inacabada, como a autora reconhece, é a possível e que “ nos seus traços breves, nos dá a dimensão de um homem romântico e sonhador, irrequieto e impulsivo, um homem que subiu a pulso na vida, um autodidacta que sem meios económicos, se conseguiu afirmar no meio artístico do seu tempo”.
Álvaro Canelas foi um sonhador, aventureiro, inconformado e irrequieto, mas um amante da liberdade e do progresso. Um homem que esteve sempre à frente do seu tempo.
Desenhador e caricaturista, editor, articulista e dinamizador cultural, “Álvaro Canelas transformou-se”, como refere Adelaide Salvado, “num motor da vida intelectual e social de Castelo Branco”.
Foi ele quem, pelas suas ideias e propostas, terá “influenciado”, talvez, a construção das Colónias de Férias de Média Altitude da Serra da Gardunha (Louriçal do Campo) e da Praia da Areia Branca (Lourinhã). Foi também ele quem, à época, chamou a atenção para a importância da cultura e das artes, para além do sol e das praias, como factores de atracção e valorização do turismo.
Nascido em Castelo Branco, em 1901, foi, depois da sua morte em 1953, esquecido, sendo hoje, infelizmente, desconhecido da grande maioria dos albicastrenses.
Com a publicação desta obra e recorrendo às palavras com que a autora a encerra, “julgamos ter chegado finalmente a hora de Castelo Branco retribuir a Álvaro Canelas o «amor e a saudade», que este albicastrense, cidadão do mundo, lhe dedicou durante a sua atribulada vida…”
Sendo certo que só se ama o que se conhece, a leitura da obra agora vinda a público, torna-se obrigatória para todos aqueles que se sentem orgulhosos da história da sua cidade.