Edição nº 1641- 3 de junho de 2020

João Carlos Antunes
Apontamentos da Semana...

NOS ESTADOS UNIDOS OS TEMPOS SÃO DE TEMPESTADE. Já não bastava a pandemia, a marcar o país como um dos que mais sofre em número de infetados e mortos, com o desnorte e atitudes divisionistas e de confronto que a Casa Branca prossegue, cada vez mais mergulhada numa loucura e parecendo mais preocupada com as eleições de novembro, agora temos o caso da morte violenta e gratuita de George Floyd, um afro-americano, assassinado por um polícia com a conivência dos colegas. Como este, outros casos semelhantes vão acontecendo, só que este foi filmado e visto com repúdio em todo o Mundo. Será apenas mais uma manifestação de racismo num país onde ainda não há muitos anos, pouco mais de sessenta, a segregação racial era lei, com escolas para negros e para brancos, transportes públicos com lugares marcados para negros, restaurantes só para brancos… Talvez seja boa altura para rever o filme do Óscar de Melhor Filme 2019, Green Book, baseado na vida  de um  popular pianista de jazz negro, em tournée pela América profunda. Os Estados Unidos é um espaço de contrastes e contradições, de liberdade mas também onde é demasiado frequente a morte de negros às mãos das autoridades policiais. Quase sempre por razões risíveis, como aconteceu agora com George Floyd, negro, casado e pai de dois filhos, desempregado por causa do COVID-19, que morreu por asfixia provocada pelo polícia por uma compra de tabaco com uma nota de 20 dólares supostamente falsa. Esta brutalidade provocou na América uma onda de revolta e violência que alguns especialistas consideram nunca vista desde 68, no assassinato de Martin Luther King Jr. Estes conflitos são recorrentes, mas os anteriores, aqueles que aconteceram no tempo de Bill Clinton ou Barack Obama houve sempre da parte do presidente da altura uma posição firme de repúdio pela violência,  ao mesmo tempo que tiveram uma abertura ao diálogo com os movimentos sociais de defesa dos direitos dos negros. Infelizmente, temos agora na Casa Branca um presidente que não conhece a palavra diálogo. Que nesse dia telefonou aos familiares da vítima, mas sem sequer dialogar, sem esperar pela resposta do outro lado da linha,  para de seguida numa bravata quase infantil anunciar que com ele os protestos acabam e pronto, senão a coisa vai à bala, mete o exército na rua, e acabou acusando os governadores de serem uns frouxos e ameaçou decretar os grupos de protesto como terroristas. Claro que  estas atitudes são gasolina lançada sobre o fogo e só vão agravar uma situação já de si tão complicada.

03/06/2020
 

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