Edição nº 1649 - 29 de julho de 2020

CONCELHIA DO PSD ACUSA LUÍS CORREIA
“Apego ao poder lesou gravemente os interesses dos Albicastrenses”

O presidente da Comissão Política Concelhia do Partido Social Democrata (PSD) de Castelo Branco, Carlos Almeida, referindo-se à perda de mandato de Luís Correia à frente da Câmara de Castelo Branco, afirmou, na passada quinta-feira, 23 de julho, em conferência de Imprensa que o “apego ao poder lesou gravemente os interesses dos Albicastrenses”.
Carlos Almeida começou por recordar que “em setembro de 2018, o Ministério Público propôs a perda de mandato do presidente da Câmara de Castelo Branco, “ para realçar que “22 meses depois, passadas quatro sentenças de vários tribunais e três recursos, conclui-se um processo penoso para o Concelho de Castelo Branco. O doutor Luís Correia perdeu, definitivamente, o mandato”.
O presidente da concelhia social democrata relembrou, também, que “o PSD, desde o primeiro momento, olhou os factos e percebeu o que estava claro para todos: o doutor Luís Correia utilizou as funções de presidente da Câmara para retirar proveitos pessoais, familiares e partidários, tendo colocado os seus interesses pessoais e corporativos acima do interesse público” e sublinhou que “permaneceu até ao limite do legal. Saiu culpado e pela porta dos fundos da casa da democracia, em razão da ordem dos tribunais”.
Perante isto defende que “este apego ao poder lesou gravemente os interesses dos Albicastrenses”, a partir do momento que “a nossa cidade esteve em destaque pelas piores razões. Sob o manto da humildade ofenderam-se e perseguiram-se adversários. Sob a capa da timidez, o doutor Luís Correia, crispou o debate político sem paralelo ao ponto de desconfiar da sua própria sombra. Com um pé na gestão da coisa pública e outro no mundo empresarial, deixou-se enredar numa teia de interesses muito duvidosos” e conclui que “esta é uma lição que fica para o futuro político de Castelo Branco: não é possível servir bem o interesse público e privado, em simultâneo”.
As críticas pelo sucedido são extensivas ao “próprio Partido Socialista ((PS) que branqueou e foi conivente com toda esta situação”, denunciando que “não teve a coragem para pôr fim ao atual estado de coisas”. Por isso, continuou, “foi cúmplice de uma estratégia ilusória que não tem correspondência com a realidade. Incentivou clivagens, agudizou os problemas e não encontrou tempo para as pessoas, o nosso bem mais precioso”.
Em oposição a isto, avançou que “o PSD mostrou que é um partido diferente”, porque “vincámos as nossas críticas e divergências, estivemos na linha da frente em defesa dos interesses do nosso concelho, sem que em momento algum puséssemos em causa o processo que decorria naturalmente na justiça. Acima de tudo, acreditamos que servir a causa pública é uma atividade nobre, que não está ao alcance de todos. No PSD, trabalhamos todos os dias para construir um projeto alternativo de futuro para o nosso concelho. Um projeto capaz de abraçar a ambição de todos os Albicastrenses”.
Para Carlos Almeida “Castelo Branco precisa de reafirmar a sua capitalidade. O nosso território tem todas as condições para liderar o desenvolvimento na Região Centro. A nossa posição geográfica é um ativo único que deverá ser potenciado em razão do triângulo citadino, Porto Lisboa e Madrid”, reforçando que “nós acreditamos nas nossas gentes, terras e produtos”.
Por outro lado, o presidente da Concelhia não deixou de referir que “nas últimas semanas, lemos notícias em vários jornais que lançam suspeitas e acusações sobre personalidades da vida política da nossa cidade”, considerando que são “notícias que procuram plantar o medo, a desconfiança, querendo apenas dividir os Albicastrenses”. E face a isto realça que “quero deixar claro que os políticos não são todos iguais. Muitos conhecem o meu percurso, sabem por onde passei, conhecem a forma como trabalho e sabem os princípios pelos quais me guio e dos quais nunca abdicarei na minha atuação política”.
Defendeu que “este é o momento de unirmos esforços, de esquecermos as tricas partidárias, de deixarmos à margem o que nos divide e focarmos o que nos une”, uma vez que “Castelo Branco precisa de se reencontrar com a sua história. Necessita de voltar a liderar a Região”, não duvidando que “temos todas as condições humanas para voltarmos a ser grandes e fortes. Queremos um território moderno, sustentável e com futuro”.
Confrontado com o facto de desde a passada segunda-feira, 27 de julho, a Câmara de Castelo Branco ser presidida por José Augusto Alves, Carlos Almeida recua um pouco no tempo, para se referir à altura em que era vice-presidente da autarquia, referindo que “o cargo de provedor da Santa Casa da Misericórdia de Castelo Branco não é incompatível com o de vice-presidente da Câmara. Mas há outro plano, que é o plano da ética e da moral e não me parece correto ter um pé na Misericórdia, como provedor, e outro na política, enquanto vice-presidente”. Tudo isto, para sublinhar que, “agora, mais a questão se coloca”.
Aludindo à exigência de cada um dos cargos, Carlos Almeida, frisa que “não há homens providenciais”, pelo que defendeu que José Augusto Alves, logo que a situação urgiu, “devia abdicar de um dos cargos”, tanto mais, salienta que “existe uma estreita relação entre a Câmara e a Misericórdia. Não contestamos, mas era aconselhável, sensato, no devido tempo, evitar essa situação”.
Já com o foco na recente polémica que envolveu José Augusto Alves em questões relacionadas com a Misericórdia, Carlos Almeida é da opinião que “não é a melhor forma de começar as funções de presidente, com um conjunto de acusações ao provedor da Misericórdia”.
Salvaguardando que “no PSD não queremos interferir com aquilo quer é a vida interna das instituições, não me parece que tenha sido feito um bom serviço à comunidade, quando se fala em contornos de ilegalidade e se opta por não assumir uma posição pública”. Assim, continua, “há uma dúvida que fica a pairar, quando a situação devia ter sido clarificada, para que não surgisse esta dúvida. Uma névoa que vai pairar sobre as suas funções”.
De qualquer modo, Carlos Almeida afirma que “espero que com José Augusto Alves se vire a página e este momento de crispação diminua”, revelando que o novo presidente, ainda recentemente, “já deu sinal de se baixar este nível de tensão” e conclui que “há que se focar no essencial. Focar no debate político e encontrar soluções”.
António Tavares

29/07/2020
 

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