Edição nº 1693 - 2 de junho de 2021

Cesaltina Gouveia Gilo
MONSANTO CHAMA!...

Fazer da vida um drama?
Fazer da vida trabalho e felicidade.
Monsanto chama por mim e por quantos têm, ou tiveram, oportunidade de o conhecerem na sua estrutura, crenças, hábitos, características de linguagem, como: xim xim, tapona, frunchinho e mais, muito mais…
Foi a água motivo de preocupação (tempos idos), que o Chafariz Mono (encimado por um brasão), ora corria de um poço, ora não corria, quando era totalmente aproveitado pelos Senhores Donos da Casa Feudal.
Existem outras curiosidades como as LAPAS nas rochas, ligadas a esconderijos de contrabando, pois os contrabandistas contavam antecipadamente com os guardas fiscais portugueses, que lhes faziam apreensões de mercadorias vindas de Espanha, assim como, de igual modo, os carabineiros espanhóis os perseguiam em relação às mercadorias idas de Portugal. As não (aqui) discutidas relações comerciais, as bonecas de trapos – MARAFONAS – os ADUFES, com o som musical peculiar, a LENDA DA MORTE DA BEZERRA, festejada anualmente em Maio, em que mulheres, vestidas com os trajes de antigamente, com POTES floridos à cabeça, cantam alusivas canções de Monsanto, dirigindo-se ao Castelo, ao mais alto das muralhas, lançando e gritando LÁ VAI O POTE! – tudo são evocações da memória…
No aspecto arquitectónico existem igrejas, lembro agora a de São Salvador, a capela de São Miguel (esta próxima do Castelo), que tem uma inscrição no granito, um sulco de 66 cm de comprimento (o côvado). E não se esqueça em Monsanto um tempo de romanos e várias invasões por diversos povos…
Estamos na Torre de Lucano, já na aldeia, encimada com o seu Galo orgulhoso, substituto do GALO DE PRATA (guardado) ganho num concurso de Aldeias Históricas em 1938, concedendo-lhe o pomposo título de aldeia mais portuguesa.
Como disse Fernando Namora: «E de pedra é feito, Monsanto se chama, minha nave coalhada». Recordo uma quadra de Cardoso Marta:
Nunca se sabe em Monsanto,
Onde a águia roça com a asa,
Se a casa nasce da rocha,
Se a rocha nasce da casa…
Que é de pedra, sabemos – mas porquê coalhada ? Rochas, penedos, barrocos, que guardam segredos, crestados pela lonjura do tempo. Será que se mantêm firmes, mudos e quedos tais penedos, que perduram, resistindo à mudança? São uma permanência.
Dei por mim, olhando esta terra, na globalidade de impossíveis-possíveis de mudanças. Mas Monsanto chama por nós. Monsanto chama por mim e na sacralidade do seu nome tentei e plantei, naqueles campos verdes e vermelhos de papoilas, lindas rosas, que não sendo da Rainha, como as do admirável Feliciano de Castilho, estão prontas a brotar num terreno qualquer…
Monsanto chama…

02/06/2021
 

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