Edição nº 1720 - 15 de dezembro de 2021

João Carlos Antunes
Apontamentos da Semana...

NO INÍCIO DESTE MÊS, o Papa Francisco fez mais uma viagem apostólica, a trigésima quinta, cheia de significado. Visitou Chipre e Grécia, com um momento muito especial na ilha de Lesbos, onde já tinha estado em 2016. Sempre com os migrantes no centro das suas preocupações, constatou que em cinco anos pouca coisa mudou, que o problema continua sem solução, um problema que, defendeu, não é só da Grécia, mas de toda a Europa, mais do que isso, é um problema global. Na visita que fez ao campo de Mavrovouni que alberga atualmente dois mil e trezentos refugiados, o Papa Francisco mostrou a sua habitual e genuína compaixão e empatia, assumindo estar ali, nas palavras dele para olhar as caras e os olhos dos migrantes, olhos que viram a violência e a pobreza, raiados por demasiadas lágrimas. E foi direto e duro para os responsáveis que deixam, com as suas políticas migratórias feitas de muros e arames farpados, que o Mediterrâneo continue a ser um cemitério sem lápides. O Papa criticou os movimentos populistas, cada vez com mais voz na Europa, que espalham entre as populações o medo dos outros. Uma voz solidária com a dor imensa de tantos homens, mulheres e crianças fugidos da guerra e da fome e que a sua compaixão não deixa esquecer. Portugal foi o sexto país europeu que mais refugiados recebeu, cerca de mil e quinhentos, e ainda hoje, 13 de dezembro, foi notícia que acolhemos 273 refugiados afegãos, que integravam o Instituto Nacional de Música do Afeganistão, o país onde os talibãs decretaram a proibição de qualquer manifestação musical. Fugiram para o Qatar e daí, numa operação conjunta internacional, chegaram a Portugal, onde lhes é prometido os acessos à educação, à saúde e a integração na sociedade. Foi uma viagem muito longa para a liberdade, proclamou um dos refugiados que ambicionam abrir aqui, dentro de alguns meses, o Instituto de Música do Afeganistão.

A PRISÃO DE JOÃO RENDEIRO na África do Sul foi reconfortante para os muitos portugueses que já descriam da justiça portuguesa. Que quase havia convidado o ex-banqueiro a procurar outras paragens, para escapar ao cumprimento das penas a que já fora condenado. Com recursos financeiros enormes, obtidos à custa dos clientes espoliados do banco, as autoridades judiciárias dera-lhe todo o tempo do mundo, para preparar a fuga para um qualquer lugar onde pudesse continuar a viver o resto de uma vida despreocupada e no luxo que não dispensa. Mas a Polícia Judiciária mostrou a competência para o encontrar e a capacidade de conseguir a colaboração das autoridades sul africanas para o prender. E neste processo coroado de sucesso, temos um candidato a primeiro ministro insinuar que a captura do banqueiro nesta altura, véspera de eleições, é uma forma de a PJ dar uma ajudinha a António Costa. Esta acusação de instrumentalização política é grave e até já mereceu um reparo crítico pouco habitual da parte do presidente Marcelo, a somar ao coro de críticas de vários quadrantes. Não é assim que credibilizam as entidades responsáveis pela segurança de todos nós e pelo cumprimento da justiça.

15/12/2021
 

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