Edição nº 1733 - 16 de março de 2022

Lopes Marcelo
RUA DE OLIVENÇA

A cidade de Olivença, em Espanha, é Terra de origem portuguesa, recheada de património com referências culturais que atingiram o maior esplendor no período do estilo manuelino do nosso século XVI, herança dos descobrimentos. A memória histórica justifica que em cerca de uma centena das nossas Vilas e Cidades exista uma rua que lhe é dedicada, como também é o caso de Castelo Branco.
A reconquista da região fronteira a Elvas, realizada pelos Templários do Reino de Portugal no século XIII, abrangeu Olivença. Naquele território foi criada a “Comenda de Oliventia”, tendo sido erigido um templo em honra de Santa Maria e levantado um Castelo.
No final do século XIII, pelo Tratado de Alcanices (1297) entre D. Dinis e Fernando IV de Castela, Olivença foi formalmente confirmada como incorporada em Portugal conjuntamente com Campo Maior e os territórios de Riba-Côa. D. Dinis elevou a antiga povoação a Vila, outorgou-lhe Carta de Foral em 1298 e promoveu a reconstrução do castelo templário, bem como a reconstrução das primitivas defesas templárias e a ampliação da cerca da Vila. Já no reinado de D. Afonso IV foi construída a Alcáçova no centro da cerca medieval.
No final do século XV, D. João II levantou a notável Torre de Menagem, a mais alta do Reino. Logo no início do reinado de D. Manuel foi iniciada a construção de uma enorme ponte fortificada sobre o rio Guadiana, a Ponte da Ajuda com dezanove arcos e meio quilómetro de tabuleiro. D. Manuel renovou-lhe o Foral em 1510 e neste mesmo século foi construída a Igreja da Madalena, expressão esplendorosa do estilo manuelino bem como a Santa Casa da Misericórdia e o portal das Casas Consistoriais. A Vila foi elevada a sede do Bispado de Ceuta pela Coroa Portuguesa.
Na guerra da Restauração que se seguiu a 1640, Olivença manifestou-se a favor de Portugal e envolveu-se na guerra, tendo sido ocupada pelo Duque de San Germán, COM a população a abandonar a Vila e a refugiar-se junto de Elvas. No século XVIII, durante a guerra da Sucessão de Espanha, foi destruída a Ponte da Ajuda (1709) e Olivença ficou muito vulnerável. No início do século XIX a Espanha, concertada com a França de Napoleão, declarou guerra a Portugal invadiu e ocupou parte do Alto Alentejo na chamada “guerra das laranjas”, bem como cercou e tomou Olivença. Perante as exigências de Carlos IV e de Napoleão, Portugal viu-se coagido a ceder Olivença pelo tratado de Badajoz, embora fosse terra entranhadamente portuguesa que participou na formação e consolidação do Reino, viveu o florescimento cultural decorrente dos Descobrimentos, participou na tragédia de Alcácer-Quibir e na guerra da Restauração. Olivença passou para o domínio espanhol pela força das armas e não pela vontade e opção da sua população livremente expressa.
A questão da disputa oliventina, entre Portugal e Espanha não tem estado politicamente na ordem do dia, embora Portugal nunca tenha reconhecido formalmente a soberania do país vizinho. Têm-se intensificado as relações culturais entre o Município de Olivença e os municípios vizinhos e com outros têm sido celebrados acordos de geminação. Também o Grupo de Amigos de Olivença, tem procurado manter aberta a questão oliventina, tendo grande relevância o diálogo, o intercâmbio cultural e histórico. Sendo um dos testemunhos eloquentes da presença patrimonial portuguesa, realço a ilustração da porta manuelina dos Paços do Concelho de Olivença.

16/03/2022
 

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