João Carlos Antunes
Apontamentos da Semana...
A FESTA DO PONTAL que marca a rentrée do PSD no novo ano político, aconteceu neste fim de semana. Sobre o evento que marcou a agenda mediática por estes dias, apenas dizer que foi a entrada na luta política como líder partidário de Luís Montenegro, um líder ainda a beneficiar do tradicional período de lua de mel com a comunicação social e com a sociedade civil que, pelo menos por enquanto, vê nele uma alternativa credível na governação do país. Mas até esse momento chegar, na disputa do lugar de primeiro ministro, já não com António Costa que muito provavelmente, diria mesmo que com muita certeza, não será candidato a novo mandato, ainda terá de fazer uma travessia no deserto do poder de mais quatro anos, a não ser que qualquer terramoto político aconteça. Que será muito pouco provável, mesmo com os sucessivos casos que vão provocando alguns pequenos rombos no barco. Uma maioria absoluta aguenta muito, mas dispansava a trapalhada de Pedro Nuno Santos com a localização do futuro aeroporto de Lisboa, a gafe da ministra da Agricultura para com a CAP, ao lembrar publicamente que a Confederação, nas eleições legislativas havia apelado ao voto contra o PS, parecendo sugerir assim uma razão para a não satisfação das suas reivindicações nos apoios do Estado aos agricultores, ou o imbróglio em que o ministro Medina se envolveu na contratação como assessor de Sérgio Figueiredo, ex-diretor de informação da TVI, num processo que parece ser pouco transparente, e que acabou com a desistência do ex-futuro assessor. Luís Montenegro cavalgou o momento menos feliz do governo, foi um tanto palavroso, mas acertou ao antecipar-se ao governo no anúncio de apresentação na Assembleia, de um conjunto de medidas de apoio temporárias aos que mais têm sofrido com a inflação, que todos os meses vai comendo uma boa fatia dos salários, que já por si são baixos. Sem esquecer um piscar de olho à classe média na proposta de mexida no IRS. Com uma oposição pró-ativa, é bom que o governo não durma na forma. Mas o que também sobressaiu do encontro de militantes, foi a confirmação de que o Passismo está bem vivo nos corações dos sociais democratas. Foi ele o mais ovacionado, com direito a ovação em pé. E foi com referência a Passos Coelho que o novo líder iniciou o seu discurso. Passos Coelho ofuscou Luís Montenegro, mostrou que ainda está politicamente bem vivo, não se sabendo para já por que lugar na hierarquia do Estado pretensamente quererá lutar num futuro próximo.