Edição nº 1734 - 23 de março de 2022

Imprensa em tempo de guerra

Faz agora trinta e três anos, nascia em Castelo Branco um projeto jornalístico que se queria inovador, ambicioso e focado em tudo o que acontecia (ou devia acontecer) nos vários concelhos do Distrito. Trinta e três anos são muitos anos, de um projeto que já é uma certeza, cimentada na luta por uma informação plural e isenta e no enfrentamento de momentos difíceis. De resto, uma realidade não muito diferente da que uma parte importante dos restantes órgãos de comunicação escrita enfrenta.
Nos nossos trinta e três anos de vida já vimos vários títulos bem conhecidos da Comunicação Social quer nacional, quer regional, desaparecerem.
Infelizmente, este ano já vimos fechar um título sediado em Castelo Branco e por estes dias o mesmo aconteceu ao Notícias da Covilhã, um título centenário da nossa região. Os tempos estão difíceis. Uma situação de crise que já se arrasta há bastante tempo e que foi agravada pela crise epidémica e agora pela guerra na Europa.
Alguém que tenha nascido há trinta e três anos, um jovem millennial que fez boa parte da sua adolescência ligado ao tablet, ao smartphone e ao streaming já passou por experiências de vida que não seria capaz de imaginar, talvez apenas em filmes disruptivos. Uma epidemia que lhe retirou dois anos de vida social plena e lhe fez mudar os hábitos em que assentava a sua vida familiar e profissional. E agora, quando se acreditava que a paz na Europa era eterna, vê a guerra a acontecer em direto, em tempo real, mesmo ao pé da porta. E a sofrer na pele e na carteira os estilhaços de uma guerra estúpida e tremendamente destrutiva, com o fantasma do nuclear a ensombrar os nossos dias.
Também o nosso jornal tem vivido este período dramático de uma forma que nos preocupa. É o longo período de crise económica que já vinha dos ensombrados anos da troika de que falamos. Que fez diminuir de forma dramática o investimento publicitário do setor privado e também a publicidade institucional. Aliás devo recordar que do propagandeado apoio governamental à Imprensa regional através de inserção de publicidade institucional, à Gazeta do Interior não chegou um único cêntimo. Infelizmente, estes tempos não são fáceis para a Imprensa escrita, mesmo que todos reconheçam o seu papel essencial em tempo de guerra, seja ela epidémica ou armada, como fonte de informação credível, capaz de desmontar a informação falsa e delirantes teorias de conspiração. Mas estes são os tempos da procura da informação instantânea a que a Imprensa escrita não consegue dar resposta. E ainda ontem me dizia o dono de um quiosque de jornais em Lisboa que raramente tem clientes com menos de cinquenta anos a comprar Imprensa escrita.
Nós temos consciência destas limitações, nós temos consciência de que o consumidor jovem se habituou à oferta gratuita da informação nas redes sociais ou em serviços como os da Telegram. Por isso, a nossa aposta continua na oferta de informação isenta, com enfoque especial na cultura e na educação, no reforço da matriz de jornal de opinião plural aberto às mulheres e homens intelectuais e da cultura cuja colaboração muito honram e engrandece este jornal que todas as semanas fazemos chegar às vossas mãos. Aos nossos leitores, colaboradores e anunciantes que acreditam e apoiam a Gazeta do Interior, o nosso muito obrigado. É por vocês que festejamos estes trinta e três anos de vida.
João Carlos Antunes

23/03/2022
 

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