A PALAVRA DO DIRETOR
Da maturidade
Qualquer diretor gostaria de encher o jornal que dirige com boas notícias. Chamar para a primeira página títulos que deixem os seus leitores mais otimistas com o Mundo ou tão somente com a região onde vivem.
Pela nossa parte, é o que tentamos fazer cada semana, se nos derem oportunidade disso. Infelizmente nem sempre a realidade regional onde nos inserimos, nos dá boas notícias para publicar ou para destacar.
Esta semana, é o momento de festejarmos os 34 anos de um projeto jornalístico ambicioso de um grupo de profissionais, amigos e investidores que acreditou que a região merecia um jornal assim, jovem, apresentação gráfica inovadora e com informação plural e isenta. E esta é a boa notícia que damos hoje. A de que apesar de todas as vicissitudes, comuns a tantos títulos de Imprensa nacional e regional, continuamos aqui no nosso posto de vigia.
34 anos dão-nos uma maturidade que nos permite distinguir cada semana o acessório do essencial, o de não querer desistir perante as dificuldades que tantas vezes parecem intransponíveis, mesmo quando dos apoios prometidos pelo Governo à Imprensa Regional nem um cheirinho sequer aqui chegou.
A Imprensa Regional, sendo agente importante na defesa da democracia e da coesão territorial, sofre dos problemas da interioridade, em territórios de baixa densidade e frágil tecido económico. Consideramos por isso que deveriam ser objeto de apoio especial.
Lembramos como há alguns anos atrás se apoiaram projetos de modernização informática, ou de como foi importante para os títulos regionais o sistema de porte pago, uma forma justa de reconhecer a especificidade destes jornais. Foi um apoio económico a jornais como a Gazeta do Interior que, ao contrário dos grandes jornais nacionais, tem tradicionalmente uma boa parcela de vendas em regime de assinatura, no nosso caso feitas por leitores Beirões espalhados pelo País e estrangeiro. E também muitos dos nossos fiéis leitores locais habituaram-se a receber na sua caixa do correio, às quintas, a Gazeta do Interior. Até porque os quiosques também vão desaparecendo das nossas cidades e vilas e dos que restam há alguns, como o que está instalado no ponto mais central da cidade, num espaço camarário, se dá ao desplante de recusar a venda da Gazeta.
Num país onde a percentagem de gastos em cultura pelas famílias é das mais baixas da Europa, cerca de quatro por cento, menos do que há 34 anos quando nasceu o nosso jornal, quando a informação digital gratuita, tipo fast food, basta para grande parte dos consumidores Portugueses, a boa notícia que temos para dar esta semana é a de que estamos aqui vivos, a festejar mais um ano de vida.
E a garantir que o nosso ADN se mantém forte, jornal de divulgação de tudo o que de mais importante acontece em TODOS os concelhos beirões, e com o orgulho de contarmos nas nossas páginas com os melhores colaboradores, mulheres e homens, intelectuais de renome na Região e no País, a reforçar sempre o nosso empenho na divulgação das ideias e da cultura.
Aos colaboradores e aos anunciantes o nosso muito obrigado por acreditarem no nosso projeto. E aos leitores, muitos que nos têm acompanhado desde a primeira hora, o nosso obrigado especial, porque é por eles que existimos.
João Carlos Antunes