João Belém
COMPETIÇÃO VERSUS COOPERAÇÃO
“A competição é a lei da selva, mas a cooperação é a lei da civilização”
Peter Kropotkin
A frase “A competição é a lei da selva, mas a cooperação é a lei da civilização” encaminha-nos para uma reflexão profunda sobre os princípios que regem tanto o mundo natural quanto as sociedades humanas.
Enquanto a natureza é frequentemente marcada por disputas por sobrevivência, os avanços humanos ao longo da história foram maioritariamente impulsionados por ações coletivas, solidariedade e trabalho em grupo. Este contraste revela que, embora a competição tenha seu papel na evolução, é a cooperação que sustenta toda a convivência civilizada.
Na selva, ou seja, no mundo selvagem, os indivíduos competem por recursos limitados: alimento, território, parceiros. Essa competição é instintiva, muitas vezes violenta, e é implementada a lei da sobrevivência do mais forte. Não há espaço para empatia ou planeamento coletivo. Da mesma forma, as sociedades humanas guiadas unicamente pela competição tendem a reproduzir desigualdades, violência e instabilidade. Quando o foco está apenas em vencer o outro, perde-se a noção do bem comum e da convivência harmónica.
Por outro lado, a civilização constrói-se sobre pilares cooperativos. Desde a agricultura até às modernas democracias, tudo que caracteriza o progresso humano depende da capacidade de trabalhar em conjunto. A criação de leis, instituições, sistemas de saúde e educação só é possível quando as pessoas se organizam em prol de objetivos comuns. A ciência, por exemplo, avança graças à colaboração entre pesquisadores; o desenvolvimento económico sustentável exige alianças entre os diferentes setores da sociedade.
É importante reconhecer, no entanto, que competição e cooperação não são mutuamente eliminatórias. Em contextos equilibrados, a competição saudável pode estimular a inovação, o aperfeiçoamento e o mérito. Porém, quando ela se torna desenfreada e desumana, perde seu valor construtivo. A civilização moderna precisa equilibrar esses dois impulsos naturais: permitir o progresso individual sem abandonar o compromisso coletivo.
Em síntese, a frase em questão convida-nos a pensar sobre os alicerces que sustentam uma sociedade justa e funcional. A competição, embora natural, não pode ser o único norte das relações humanas. É a cooperação que transforma o caos em ordem, a sobrevivência em convivência, a natureza em cultura. Assim, para que a humanidade continue evoluindo, é essencial que prevaleça a lei da civilização.