17 dezembro 2014

Lopes Marcelo
As Mães, sempre as Mães!

Oito de Dezembro, feriado religioso e durante muitos anos considerado Dia da Mãe. Destacavam-se os rituais celebrativos da circunstância: as flores, reuniões em família, gestos ternos, desenhos e palavras de afecto nos cartões. Sempre me pareceram insuficientes e comandada por interesses comerciais tais manifestações concentradas num único dia e, assim, pouco coerentes e não adequadas à pauta sublime das emoções e sentimentos essenciais entre mães e filhos.
No dia em que um homem e uma mulher são pais, transformam-se radicalmente as suas vidas. Acrescentam-se, renascem para uma nova sucessão de dias mais preenchidos, ansiosos, inquietos, mas também, gratificantes. Por si, em si, naquela hora (uma hora pequenina, como o povo sempre deseja), floresce um novo ser e ganha-se, não um dia, mas todos os dias! Não quero passar ao lado da situação da adopção, pois a encaro com todo o respeito e dignidade. Diz, também, o nosso povo na sua imensa sabedoria: parir é dor, cuidar é amor.
No nascimento de coração e de afecto, propaga-se a corrente de energia vital. Tal energia torna-se sujeito, objectiva-se num novo nome, num estar, ser e crescer em família. Um novo querer, uma nova personalidade, a evolução do rosto (sete anos, sete rostos como diz o povo), numa sucessão de porquês irrequietos em língua de ingénuo (a) perguntador(a). O pai ampara, é exemplo, está lá quando e sempre que seja necessário. A mãe é, absolutamente, incondicional. Nas dobras da condição maternal, a energia da mãe é a fonte geradora que molda e impulsiona todos os dias do novo ser. Na sublime relação indefinível entre dois seres é um só coração que bate, independentemente do percurso do filho, da sua condição, do que faça, onde esteja, dos maiores ou menores méritos e dos objectivos que consiga alcançar na vida.
Todos os dias e épocas são adequados para valorizar e homenagear as mães. Contudo nesta época de Natal é mais forte o impulso. Faço-o com o sentido colectivo, homenageando as mães da minha terra, da minha região.
A voz que fala no silêncio das vossas mãos, pacientemente tece na alvura do linho e em bordados de ternura a verdade do ninho em que a vida se merece. Gestos tantas vezes em silêncio, tão generosos e fecundos que acolheram e fizeram frutificar as sementes mesmo na terra árida. Silêncios de fios de nascente a serem alimento de rios e ternas margens dos nossos primeiros risos. Silêncios fecundos, bandeiras de exemplo e ingénua gramática de saber profundo. A vossa voz é doce casa e sol do meio-dia a amparar as nossas asas em ânsia de travessia.
Mães da minha terra, sábias artífices do tempo lento dos longos serões, tão ricos de memórias vivas e testemunhos de autenticidade. A vossa voz é sentinela de memórias, saberes profundos e sabores originais. As sentidas palavras são singelas bandeiras nas vossas mãos de mães, companheiras e mestras, fiéis depositárias do saber-fazer e elo essencial entre as várias gerações.
Um sentido voto de Bom e Santo Natal para todos, especialmente merecido por todas as mães.

16/12/2014
 

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