Isabel Caldeira Rijo, 72 anos, natural de Segura, Concelho de Idanha-a-Nova, foi uma das resistentes comerciantes na antiga Rodoviária da Beira Interior (RBI), em Castelo Branco. Ao longo de 43 anos, vendeu fruta num espaço livre, indiferente às adversidades climatéricas. A sua azáfama começa bem cedo, logo pela 6H45, quando com a sua motorizada parte da residência, rumo ao local onde exerce a sua atividade. “Sou o despertador de muitas pessoas”, diz num largo sorriso.
Sábado, partiu com saudade do seu local de trabalho, mas feliz por agora ocupar um espaço mais confortável no novo Terminal Rodoviário, na Rua Poeta João Roiz, junto à estação de caminhos de ferro.
Sexta-feira, a Gazeta foi encontrá-la ainda no antigo terminal, onde recordou que “ao longo destes anos conheci aqui inúmeras pessoas das mais variadas profissões, gente importante do nosso país, e tive sempre muitas pessoas que ficaram minhas amigas, porque graças a Deus sou uma pessoa que tenho a arte de dar-me bem com toda a gente, sejam ricos ou pobres”, afirma com orgulho.
Também sente o mesmo orgulho quando diz que, “vendo apenas fruta de qualidade”, dado que “tenho uma vasta clientela, que prefere comprar boa fruta e sabem que é no meu lugar que encontram aquilo que pretendem. Tenho clientela não só de Portugal, como de outros países, que sabendo onde me encontro, aqui se deslocam, na certeza de ficarem bem servidos”, garante.
Para trás ficaram histórias que marcaram esta mulher raiana, trabalhadora e lutadora pela vida.
Isabel Caldeira Rijo recorda com emoção o motivo que a levou a iniciar a sua atividade, ao afirmar que “o meu marido adoeceu. Tinha as minhas duas filhas e os recursos financeiros eram reduzidos, pelo que tive de meter mãos à obra e seguir em frente, sempre com pensamento positivo”
Com apenas 29 anos, foi para o espaço onde até sexta-feira se localizava o terminal da Rodoviária da Beira Interior (RBI) que, refere agora, “era como se fosse a minha casa, dado que passei aqui a maior parte da minha vida”, sublinha.
Pela manhã de segunda-feira, a reportagem da Gazeta do Interior visitou Isabel Caldeira Rijo, no seu novo espaço de trabalho. Logo que nos viu, sorriu, com um sorriso de felicidade, que pretende manter ao longo do tempo que espera ser longo. “Estou bastante feliz, esperei mais de quatro décadas por este momento e hoje para mim é um dia que ficará na memória da minha vida. Tudo aqui é diferente, estou mais confortável e espero que os meus clientes e amigos continuem a visitar-me, dado que pretendo continuar a servi-los com a mesma dedicação de sempre”, apela a comerciante.
A concluir, garante que sempre que tiver um tempo livre, irá visitar as pessoas que todos os dias cumprimentava no seu espaço de venda junto às antigas instalações da Rodoviária da Beira Interior. “Nunca mais esqueço todos os momentos que ali passei, as conversas que mantive com os meus clientes e amigos, a salutar vivência entre todos como se fossemos uma família”, refere.
Isabel Caldeira Rijo, uma mulher beirã que apesar dos seus 72 anos mantém uma ótima saúde, sentindo-se realizada a nível pessoal e profissional. Agora a vida continua, mas num outro local da cidade de Castelo Branco.

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