João Belém
EDUCAÇÃO AMBIENTAL
Cada dia a natureza produz o suficiente para nossa carência.
Se cada um tomasse o que lhe fosse necessário,
não havia pobreza no mundo e ninguém morreria de fome.
Mahatma Gandhi
Na década de 1960, perante os inúmeros problemas resultantes de um modelo de desenvolvimento económico centrado no consumo e na produção, despontou o movimento ambientalista que se constituiu numa forma de resistência social ao modelo e ao impacto que este produz sobre o meio ambiente. O ambientalismo evidenciou que é da relação do homem com a natureza que depende o futuro da vida no planeta. Como uma das possíveis estratégias para o enfrentamento da crise ambiental surgiu a proposta da Educação Ambiental em documentos internacionais e nacionais. “A Educação Ambiental seria formadora de uma nova ética que promovesse atitudes e comportamentos para o indivíduo e sociedade comprometidos com a melhoria da qualidade ambiental e que respondesse às complexas relações entre a sociedade e a natureza “ (Conferência de Belgrado, 1975).
A recomendação de Belgrado seguida por vários países, desde a década de 1980, tem criado e implementado diretrizes e políticas públicas bem específicas, promovendo e incentivando a Educação Ambiental.
Neste contexto entende-se por Educação Ambiental um conjunto de processos por meio dos quais o indivíduo e a sociedade constroem valores sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes e competências voltadas para a conservação do meio ambiente, assim como para o bem comum.
A educação ambiental visa contribuir para formação de cidadãos conscientes de suas responsabilidades com o meio ambiente, aptos a decidir e atuar no seu meio socioambiental, comprometendo-se com o bem-estar de cada um e da sociedade em geral. Mas para que isso aconteça, é preciso que a escola não trabalhe somente com informações e conceitos, ou seja, só na teoria, é importante que o tema transversal seja uma ferramenta utilizada para que o aluno possa aprender de forma dinâmica, maneiras para transformar a realidade em que vive.
O ensino sobre o meio ambiente deve contribuir principalmente para o exercício da cidadania, estimulando a ação transformadora além de buscar aprofundar os conhecimentos sobre as questões ambientais de melhores tecnologias, estimular a mudança de comportamento e a construção de novos valores éticos.
Nestes tempos em que a informação assume um papel cada vez mais relevante, a educação para a cidadania representa a possibilidade de motivar e sensibilizar os alunos para transformar as diversas formas de participação na defesa da qualidade de vida. Nesse sentido cabe destacar que a educação ambiental assume cada vez mais uma função transformadora, onde a coresponsabilização dos indivíduos se torna um objetivo essencial para promover um novo tipo de desenvolvimento sustentável.
O educador tem a função de mediador na construção de referenciais ambientais e deve saber usá-los como instrumentos para o desenvolvimento de uma prática social centrada no conceito da natureza.
Neste âmbito foram assinados, no passado dia 14 de maio de 2019, em sessão publica, na Autarquia albicastrense, um protocolo de colaboração entre a Secretaria Geral do Ministério do Ambiente e da Transição Energética, do ICNF e as 11 Reservas da Biosfera portuguesas para o desenvolvimento do projeto “Promover o desenvolvimento dos territórios das Reservas da Biosfera portuguesas enquanto territórios vivos de sustentabilidade”
Aproveito para referir que as Reservas da Biosfera, integradas na rede mundial das Reservas da Biosfera, são amostras representativas de ecossistemas terrestres, marinhos ou costeiros onde se procura melhorar o nível de vida das populações, promover a partilha equitativa de benefícios através de formas inovadoras de desenvolvimento económico apropriadas e ambientalmente sustentáveis
Foi também, neste sentido, apresentada no Centro de Empresas Inovadoras (CEI) de Castelo Branco a Calculadora da Pegada Ecológica, sendo que esta ferramenta está calibrada para o concelho e está preparada para funcionar com os dados apurados através do projeto “Pegada Ecológica dos Municípios Portugueses”, uma parceria estratégica entre a ZERO – Associação Sistema Terrestre Saudável, a Global Footprint Network e a Universidade de Aveiro.
A calculadora é uma ferramenta que permite a cada cidadão perceber como os seus hábitos diários influenciam a sustentabilidade do concelho.
Assim a educação assume um papel cada vez mais desafiador procurando novos saberes para apreender processos sociais complexos e riscos ambientais que se intensificam. A ambientalização do conhecimento terá mais condições de ocorrer na medida em que se promova uma reestruturação de conteúdos, em função da dinâmica da sua própria complexidade ambiental, em todas as suas manifestações: sociais, económicas, políticas e culturais.