José Sócrates esteve em Vila Velha de Ródão a falar de Justiça e Política
“Todos os meus direitos políticos estão intactos e tenciono exercê-los”
O antigo Primeiro Ministro José Sócrates deixou bem claro em Vila Velha de Ródão, que não aceita o “banimento” que lhe quiseram fazer da vida pública e política no País e adiantou que todos os seus direitos políticos “estão intactos” e que os tenciona exercer.
José Sócrates deslocou-se a Vila Velha de Ródão, sábado, a convite do presidente da Concelhia do Partido Socialista (PS) local, António Carmona, e da ex-autarca, Maria do Carmo Sequeira, para participar na conferência Justiça e Política.
“Quero deixar claro desde o início, que eu não aceito o banimento que quiseram fazer-me da vida pública e política no nosso país. E quero deixar claro que todos os meus direitos políticos estão intactos e tenciono exercê-los”, afirmou.
José Sócrates, adiantou ainda que “se a alguém lhe passou pela cabeça que eu iria prescindir dos meus direitos políticos e de intervenção na política estão equivocados”.
À entrada no auditório da Casa de Cultura e Artes do Tejo, o antigo Primeiro Ministro foi aplaudido de pé por algumas centenas de pessoas.
E desde logo explicou que a sua presença em Vila Velha de Ródão, serve como agradecimento público a todos aqueles que no Distrito de Castelo Branco e por todo o País lhe manifestaram a sua “simpatia, amizade e apoio”.
“Quero que todos saibam, neste momento, o quão importantes foram para mim essas manifestações de apoio, de solidariedade, de companheirismo e de confiança. Pois aqui estou em Vila Velha de Ródão, no distrito onde fiz toda a minha vida política para agradecer publicamente a todos os que me manifestaram esse apoio e confiança ao longo dos últimos meses, que foram muito difíceis para a minha vida”.
Na primeira iniciativa pública em que participa após a sua prisão e a sua libertação no dia 16 de outubro, da medida de coação de prisão domiciliária, o antigo governante disse que quando o País tem um cidadão 11 meses detido sem acusação, “o Estado Português perde autoridade moral para falar de direitos individuais a outros estados”.
“Quero dizer-vos que considero isto muito preocupante na sociedade portuguesa, porque muitos dos que falavam e que se referiam a estes casos sabiam perfeitamente daquilo que é possível fazer-se em Portugal”, sustentou, defendendo a necessidade de rever os prazos da prisão preventiva, “porque eles não estão de acordo com os ideais” de Justiça.
José Sócrates abordou ainda a atualidade política e, sobretudo, a incerteza governativa que paira após as eleições Legislativas de 4 de outubro.
O antigo Primeiro Ministro foi taxativo: “deve governar quem tem maioria no Parlamento e não pode governar quem tem a maioria do Parlamento contra ele”.