Edição nº 1632 - 1 de abril de 2020

João Carlos Antunes
Apontamentos da Semana...

E JÁ VÃO QUASE QUINZE DIAS desde que foi decretado o estado de emergência e tudo indica que ele irá ser renovado no dia 2 de abril por mais quinze dias, um amargo de boca que nem as amêndoas da Páscoa vão adoçar. Foi uma medida que na altura foi criticada por algumas, poucas pessoas, como Raquel Varela que considerou a medida um atentado grave à democracia e a comparou ao clima político do tempo de Salazar ou Hitler. Uma opinião manifestamente exagerada e de quem parece não acreditar nos valores democráticos defendidos por António Costa ou Marcelo Rebelo de Sousa. Justifica a sua posição pelo fato dos portugueses, ainda antes do governo, terem optado voluntariamente pelo isolamento social. Mas no fim de semana passado, de sol e a apetecer praia, vimos os acessos à ponte entupidos de gente a quererem nomeadamente deslocar-se para o Algarve. Foi preciso que as autoridades policiais, impusessem o regresso a casa daqueles que não tinham justificação válida para circular, intervenção suportada na declaração do estado de emergência e aceite com civismo pela quase totalidade dos automobilistas. Ontem, um jornal francês de grande circulação, considerava Portugal um caso exemplar e elogiava a forma como os portugueses, com a sua autodisciplina e o governo português estão a enfrentar esta tremenda crise sanitária, considerando que assim, muito provavelmente nós não chegaremos à situação catastrófica de Espanha, Itália e mesmo de outros países europeus. Não é de admirar que nesta situação de exceção que vivemos, estas medidas tomadas pelo governo de António Costa com firmeza misturada com uma forte dose de segurança e sensibilidade, seja reconhecida pela maioria dos portugueses, como mostram as sondagens de opinião mais recentes. O homem certo no lugar e no momento certos e que orgulhou Portugal na forma como deu resposta ao ministro das Finanças holandês que questiona a incapacidade dos países do sul, referia-se a Espanha e Itália, em acomodar a crise sanitária nos seus orçamentos, oponde-se assim à criação dos eurobonds, já chamados de coronabonds, a mutualização da dívida dos países comunitários que inexoravelmente vai emergir no pós-vírus. Re-pu-gnan-te, como muito bem frisou António Costa que sabe ser possível uma posição mais flexível por parte da Alemanha, acreditando nas qualidades de estadista de Angela Merkel. Porque todos nós teremos de nos perguntar que se a União Europeia não serve para dar resposta solidária a uma catástrofe como esta, então para que servirá? Poderá ser o fim do Euro ou da Europa como a conhecemos, quase certo se persistir esta reserva de quatro países. E convinha lembrar que depois da Segunda Guerra Mundial, a Holanda foi um dos países que mais beneficiou do Plano Marshall. Coincidências.

01/04/2020
 

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