9 abril 2014

Celeste Capelo
Abril 2014

Nesta crónica do mês de Abril, não podia deixar de referir a data de 25 que , segundo o inquérito feito por um jornal nacional, é considerada como a data mais importante da história de Portugal. Foi assim que os inquiridos responderam ao inquérito que esse órgão de comunicação social realizou. Não digo que não seja importante, acho até que a pergunta está mal formulada, porque se quisermos levar à letra a investigação histórica, devemos situar os contextos, as épocas, as circunstâncias e, é por isso que a investigação em história tem de ser feita com uma distância temporal considerável.
Todos vivemos no imediato, e terá sido por isso que a resposta foi esmagadoramente num sentido. A independência de Portugal em 1143, que definiu as fronteiras que ainda hoje temos, a restauração de independência em 1640, o período áureo das descobertas que nos permitiram comercializar especiarias, o ouro do Brasil etc. , diria eu que, se em qualquer deste tempo fosse feita esta pergunta certamente que a resposta corresponderia ao tempo mais próximo. Atrevo-me a dizer que, se por exemplo em 1942, tivessem perguntado aos portugueses qual o facto mais importante da história de Portugal, a resposta seria o facto de Salazar nos ter livrado da guerra.
Voltando agora ao tempo mais próximo, o 25 de Abril de 1974, já lá vão 40 anos!... Estávamos a 4 décadas da sociedade da informação que hoje existe. Ao sabor de um “clique” estamos a percorrer todo o mundo, a saber as notícias, a comunicar com o outro lado do globo e até para o espaço. Com todo o que de bom e útil este desenvolvimento nos possa trazer, temos também de olhar, entender e combater o que de mau e pernicioso pode acontecer.
Esta globalização pôs o Estado em crise, não só o português, como bem nos apercebemos, quando falamos da crise na Irlanda, na Grécia, na Espanha e na Itália.
Criou também novas realidades económicas e financeiras e exigiu adaptações e mudanças. A economia mundial, o livre comércio e a desregulamentação de muitas actividades económicas e financeiras internacionais deixaram os estados desarmados e impotentes. Hoje só ouvimos falar no potencial económico da China que soube tirar proveito desta globalização sendo que, nós estamos apenas a sofrer as suas consequências.
Onde se situa a Europa, ou melhor, a União Europeia neste contexto de globalização? E Portugal? Neste momento sujeitos a uma intervenção externa? Todos ouvimos falar de crise que foi, e ainda é, de endividamento internacional, que nos ameaçou com a bancarrota e a consequente perda de autonomia de decisão.
Nunca pensei que, passados estes 40 anos, hoje em Abril de 2014 pudesse, estar a falar duma situação que me parecia em 1974 ser impossível de acontecer.
As promessas dos 3 Ds: Desenvolver, Democratizar e Descolonizar, só este último foi realizado.
O conceito de desenvolver, está à vista pelo que atrás referi bem como algumas das suas consequências, às quais acrescento o enorme fosso entre o maior e o menor salário; o número de pobres, dizem as estatísticas, a aumentar; o desemprego, com algumas oscilações, mas ainda assim muito elevado; a justiça em muitos casos uma miragem, vide os números de casos que ficam impunes por força de prescrição. As próprias forças de segurança a excederem os seus comportamentos e que por força das funções que desempenham, deviam dar o exemplo. A liberdade foi substituída por libertinagem, nos mais variados aspectos do quotidiano. Civismo? Não, é retrógrado, pode até ser apelidado de fascista. Veja-se a nossa cidade que, nos domingos, as ruas são autênticas lixeiras com copos, garrafas partidas espalhas pelo chão; as pinturas e a destruição da “cousa” pública é recorrente, e é fácil dizer:
 São sinais dos tempos… Que sinais tão desprestigiantes para quem acreditou que a escolarização obrigatória durante mais anos, podia trazer algo mais do que a simples instrução? …
Já hoje me interrogo: o que direi de hoje a um ano? Espero serem melhores e mais optimistas as minhas palavras.

09/04/2014
 

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