Lopes Marcelo
FEIRA FRANCA E MERCADO RURAL PAUTA DAS TRADIÇÕES - AS JANEIRAS EM ARANHAS
Em nome do Povo, dos seus valores, saberes e tradições;
Em honra do espírito e da letra do velho Foral das terras de Penamacor;
Proclama-se a todos os presentes, bem como aos vindouros, que sejais cidadãos livres e vos mantenhais fiéis guardiões dos valores, saberes e sabores das genuínas tradições destas belas e honradas terras.
Pela notória expressão dos ancestrais registos, destaca -se a existência de teares, popularmente chamados por aranhas.
As tradições etnográficas e folclóricas são nesta terra muito fortes e genuínas. Traduzem-se de forma eloquente nas modas e danças mais antigas, designadamente na MATA - ARANHA que representava o bater do pé no tear com um ritmo cadenciado de enlevado enamoramento.
As duas tábuas do tear, que pelos movimentos alternados dos pés levantam os liços do tear, eram chamadas peanhas e lá diz a canção popular:
Mata aranha serranita
Mata aranha se tu és bonita
Mata aranha olaré
Mata aranha com o seu lindo pé.
Esta é uma terra de muitos mesteres, de honrados habitantes entendidos nas artes de muitos saberes e variados sabores que tiveram o seu sustento ligado aos teares, aos moinhos, à pecuária, ao azeite e à criação doméstica do porco.
Na subsistência das famílias assumiu uma importância decisiva o aproveitamento alimentar do porco, incluindo a artesanal confecção dos enchidos de excelente e apurado sabor, o que contribuiu para a sua valorização social e económica.
Por cada porco cinco dinheiros;
Por um presunto três soldos;
Por um chouriço dois soldos;
Por uma chouriça um soldo;
Por uma farinheira um soldo;
Por uma morcela um soldo.
Mais se proclama, que todas as receitas arrecadadas se juntem para a festa e para o mercado das JANEIRAS em que sempre o Povo cantou:
Ainda agora aqui cheguei
Já pus o pé na escada
Logo o coração me disse
Mora aqui gente honrada.
É a todos vós, gente honrada, que esta carta se dirige, alertando para que não sejais egoístas barbas de farelo, mas antes, dinâmicos cidadãos livres, empenhados e solidários defensores da identidade desta terra.
Que esta FEIRA E MERCADO TRADICIONAL se realize em todos os anos vindouros com a FESTA DAS JANEIRAS na vibração colectiva das raízes e da Alma do Povo de Aranhas.
A CARTA será proclamada aos vinte e quatro dias do mês primeiro do ano de dois mil e quinze da ERA de Nosso Senhor Jesus Cristo.
Vivam as terras de Penamacor!
Viva a terra e o Povo de Aranhas!
Vivam as tradições de Aranhas!
Vivam as JANEIRAS!
Apesar da falta de apoios, a tradição move-se. Faltam políticas selectivas que apoiem e valorizem o que é nosso. Contudo, a pauta das tradições move-se!