CASTELO BRANCO DA BEIRA BAIXA E CASTELO BRANCO DOS AÇORES
Abraço de quase dois mil quilómetros une Albicastrenses
Um grupo de 22 crianças do 4º ano da turma 4AP da Escola Básica Afonso de Paiva de Castelo Branco, da Beira Baixa, e 10 da Escola Básica de Castelo Branco, da Ilha do Faial, Açores, viveram, entre os dias 1 e 8 deste mês, dias inesquecíveis que, certamente, marcarão a sua vida quando forem adultas. Tudo, resultado de uma das muitas atividades desenvolvidas entre os dois Castelo Branco, no âmbito de um acordo de geminação, que deu os primeiros passos em 2006 e foi assinado em 2012.
No âmbito desta geminação, o projeto GE(R)MINAR, que teve como objetivo envolver os mais novos na vivência e valorização de atividades relacionadas com a defesa do património e do ambiente, permitiu que entre 1 e 4 deste mês as crianças beirãs partissem à descoberta dos Açores, sendo acompanhadas, no regresso, por 10 crianças que vieram conhecer as terras da Beira Baixa.
No caso das crianças beirãs, para muitas, esta aventura, começou logo por viajarem a primeira vez de avião e de barco, além de ficarem a conhecer a beleza da ilha do Faial, com visitas a locais como a cidade da Horta, a Espalamaca, o Aquário de Porto Pim, a Casa dos Dabney, o Centro de Interpretação do Vulcão dos Capelinhos ou o Morro Castelo Branco, onde a sua presença fixou assinalada com a plantação de espécies endémicas, como a Vidália (Azorina vidalii) e a Urze (Erica azorica). Isto sem esquecer a viagem de barco entre as ilhas do Faial e do Pico, com a oportunidade de conhecerem as vinhas, que são património da humanidade, verem o Pico de perto e visitar o Museu dos Baleeiros.
Por tudo isso, logo à chegada e apesar do mau tempo, as crianças revelaram que as suas expectativas estavam a ser cumpridas, com José Diogo Domingues, a afirmar que “é a primeira vez que venho aos Açores, ao Faial. Achei logo a paisagem linda, magnífica. Adorei. A única coisa que não adorei foi o tempo”.
Opinião partilhada por Matilde Fernandes, ao avançar que “gostei muito da viagem. Menos do tempo, até agora. Também gostei muito da paisagem”.
No entanto, São Pedro acabou por colaborar e embora com alguma chuva à mistura, o sol também marcou presença, revelando o típico clima ameno desta zona de Portugal.
De resto, tanto lá, como cá, foram dias de convívio e de criação de laços de amizade entre Albicastrenses, que tinham sido iniciados via vídeo-conferência, mas foram aprofundados da forma mais enriquecedora, presencialmente.
Na receção na Junta de Freguesia de Castelo Branco, nos Açores, o presidente, Vítor Pimentel, destacou “a amizade recíproca dos dois lados” e garantiu que “há algo que está a ficar e ficará para sempre”, adiantando que o GE(R)MINAR “pode ser uma forma de ensinar as crianças a crescer, sendo que com este projeto estamos a ensinar às crianças a defesa do ambiente, da natureza”.
Posição igualmente sustentada pelo presidente da Junta de Freguesia de Castelo Branco, da Beira Baixa, ao afirma que “subscrevo”, acrescentando que “não vimos cá para passear. Vimos para trabalhar e para mostrar a realidade desta terra que tem o mesmo nome que a nossa. Temos todos a mesma família e quando estamos aqui, estamos em casa”.
Jorge Neves, que perante o entusiasmo das crianças beirãs, lhes lançou um desafio, no sentido “elaborarem um trabalho sobre a visita, de desenhos, fotografias ou composições e os melhores trabalhos terão um prémio”.
Projeto
é para continuar
Sobre o projeto GE(R)MINAR Vítor Pimentel começou por destacar que “a minha geração, se calhar, foi a grande responsável pela poluição e, por isso, cabe-lhe alterar isso, ainda, e, daí, nascer este projeto”.
Vítor Pimentel destacou ainda que “esta ação pretende despertar para os erros que nós, adultos, cometemos no passado e incutir o conhecimento em vocês, para que não cometam os mesmos erros”. Posição reforçada por Jorge Neves, quando afirmou que “é por causa do ambiente que aqui estamos. Para vocês terem outras preocupações que nós não tivemos, mas, a par disto, fomentar uma relação de amizade que queremos que também passe por vocês. Cá e lá é a maneira de nos visitarmos uns aos outros, porque é assim que fazem os amigos e a família”, concluindo que “é importante que continuem este projeto”.
Já na Beira Baixa foi a vez das crianças Açorianas descobrirem o Castelo Branco do continente, não faltando uma forte ligação com a comunidade da cidade, com a recriação das Festas do Divino Espírito Santo, com uma procissão desde a Junta de Freguesia até à Sé, onde os padres Tiago Tadeu, de Castelo Branco dos Açores, e José António, de Castelo Branco da Beira Baixa, celebraram uma missa que terminou com a coroação do Espírito Santo, para quem o desejou.
O programa da recriação das tradicionais Festas Divino do Espírito Santo continuou com o almoço das Sopas do Espírito Santo, que consiste em caldo de carne de vaca colocado sobre pão de trigo, género açorda, acompanhada de carne cozida, não faltando o pão doce caseiro, conhecido como massa sovada, e o arroz doce.
Almoço quem que Jorge Neves, sublinhou que este acordo de geminação “é de segunda geração, com um envolvimento muito grande da população”, confessando que a geminação “era uma aventura um bocadinho arriscada, mas arriscamos e petiscamos”, sublinhando que estes dias também “foram uma experiência única para este grupo de alunos, muito importante para o seu crescimento e para a sua cultura”.
Jorge Neves realçou que perante isto “não estamos a gastar dinheiro. Estamos a investir nas nossas pessoas e este tem de ser o caminho para o desenvolvimento da nossa comunidade”.
Por seu lado, Vítor Pimentel falou “com o coração, com o sentimento, com o calor humano que sinto neste momento, porque para além do institucional somos uma família com elos de ligação de tal modo fortes que jamais serão esquecidos”.
Vítor Pimentel recordou que em relação ao projeto iniciado pelo seu antecessor, Luís Botelho, que atualmente é vice-presidente da Câmara da Horta, “acreditei e dei-lhe continuidade. Espero que no futuro tenha continuidade, com quer que venha, devido à saída de Jorge Neves”, assegurando que “nós estamos abertos para isso”.
Presente no almoço, o presidente da Câmara de Castelo Branco, Luís Correia, adiantou que “a ligação entre as duas comunidades começa a ser muito forte e é uma ligação enriquecedora para ambas”. Confessou que “nunca fui os Açores, mas hoje acho que já os conheço”, afirmando que “este é um projeto que já tem raízes e, por isso, seja quem for que esteja à frente das freguesias e dos concelhos, espero que seja um projeto para continuar”.