Edição nº 1661 - 21 de outubro de 2020

Alfredo da Silva Correia
A CÂMARA MUNICIPAL DE CASTELO BRANCO E OS SEUS GRANDES NÚMEROS FINANCEIROS

No âmbito da série de artigos que fui escrevendo, ao tratar do problema da possível autodestruição da humanidade, dos problemas da demografia, dos da possível autodestruição da democracia, com especial realce para o que se passa no nosso país e mesmo no nosso concelho, do grande problema do nível de endividamento do nosso povo e de algumas previsões das alterações possíveis no nosso modo de vida, vou terminar este ciclo com uma apreciação aos mandatos dos três ex-presidentes da nossa Câmara Municipal.
Faço-o sem prejuízo de quando em quando, poder escrever sobre um problema que tenha ocorrido e que eu entenda dever, sobre o mesmo, fazer uma análise e termino este ciclo, realçando também a história financeira do meu concelho, por me ter revoltado muito a INJUSTIÇA de que o mesmo foi recentemente alvo, a partir de uma perda de mandato.
De facto sou muito sensível não só a injustiças cometidas, mas também aos números económicos e financeiros, sejam eles de uma empresa, de uma Associação, de um país, ou mesmo de uma Câmara Municipal, na medida em que é por eles que se pode medir a qualidade da respectiva gestão, como o sou também quando sinto que a sociedade esqueceu quem lhe prestou bons serviços.
Acontece que sinto que o nosso concelho teve muita sorte com os últimos três ex-presidentes de Câmara, sorte bem refletida na sua muito confortável situação económica e financeira, sendo inclusivamente tido, a nível nacional, como um exemplo, o que não pode deixar de ter o seu forte significado. Temo, por isso mesmo, que os ressabiados políticos, depois dos mais capazes se afastarem por não estarem para se sujeitar aos desmandos actuais de alguns (poucos), acabem por tomar conta do poder, e destruam toda a cultura do passado, bem como do pecúlio conseguido e hoje disponível no nosso Município.
Não é nada que não tenha sido previsto por, pelo menos, um grande empresário da região, quando um dia me afirmou que votaria no último presidente eleito, porque acreditava nele para manter a situação actual, mas que chegaria a altura dos desmandos do município começarem. É sempre assim, atrás de uma boa gestão, como foi a dos três últimos ex-presidentes e do, términos deste mandato, correm-se sérios riscos em que chegue o desvario económico e financeiro, com as consequências inerentes. Vamos ver se não vai ser assim, o que muito desejo, mas que há esse risco, lá isso há.
Sobre toda esta problemática, não posso deixar de começar por referir que embora o então presidente da Câmara César Vila Franca não tenha deixado o Município com o mesmo conforto financeiro dos dois últimos ex-presidentes, a verdade é que ele não tinha na altura o desequilíbrio que muitos lhe apontaram pois, à época, até havia muitas Câmaras com uma situação financeira muito mais desconfortável.
É uma afirmação que faço, até por na altura ser deputado municipal, e recordar-me bem de que nunca se constituiu numa grande preocupação a situação financeira do nosso Município e até posso afirmar que, não obstante César Vila Franca não tenha agradado a todos, tomou então medidas bem estruturantes e construtivas à vida do nosso Município. Destaco sobre este aspecto não só o facto de ter sido ele que pôs no rumo certo a criação de uma zona industrial, com medidas bem inovadoras, a partir das quais hoje podemos contar com uma zona industrial bem conseguida, no âmbito do contexto nacional. Mas também não posso deixar de destacar o seu contributo, não só na construção da barragem da Marateca, resolvendo um problema fundamental ao concelho, como era então o da falta de água potável, mas também toda a problemática que enfrentou com a criação da Cableza em Castelo Branco, que muito contribuiu para o desenvolvimento económico do nosso concelho. Aliás devo afirmar que não era fácil encontrar quem tivesse a coragem de assumir o compromisso de construir uma fábrica daquela dimensão, em apenas seis meses, para o que tiveram que correr sérios riscos, mesmo legislativos, sem os quais hoje Castelo Branco não contaria com as mais-valias que a existência de tal fábrica representa no concelho e mesmo no país.
Por vezes, quando olhamos para a nossa história tendemos a não ter em atenção as envolventes socioeconómicas da época própria, pelo que tendo-as hoje em conta, não posso deixar de concluir que os mandatos do presidente César Vila Franca, tiveram aspetos bem positivos na vida do Município.
Depois dele, chegou a época dos mandatos do presidente Joaquim Mourão e sobre este, a verdade é que Castelo Branco lhe deve muitíssimo, por tanto que então foi feito, não só reestruturando toda a cidade e mesmo as aldeias, munindo-as de infra-estruturas fundamentais ao seu desenvolvimento socioeconómico, mas também por, apesar da obra feita, ter deixado o Município com uma situação económica e financeira muito confortável. Constituiu então uma estrutura de candidaturas aos fundos comunitários imparável e com ela conseguiu muitas obras sem nunca ter endividado o Município, o que se constituiu num grande feito. De facto durante os seus mandatos foram também negociadas as infra-estruturas que o Município detinha de produção de águas bebíveis em Santa Águeda e vendeu-as por um preço muito bem negociado preço que, há que reconhecê-lo, foi conseguido tendo o Município como negociador o então vereador Luís Correia, de cujos esforços muito se beneficiou. É interessante que passado não muito tempo, no Município do Fundão tenha havido quem comparasse o conseguido por este, na matéria em apreço, com os valores conseguidos pelo Município de Castelo Branco, relevando este, de uma forma muito favorável.
Já não consigo referir com precisão os números, mas julgo que quando o presidente Joaquim Mourão deixou o Município ter-se-ia um pecúlio de um grande montante, a grande maioria estando nos Serviços Municipalizados, a partir da negociação feita com a exploração de água de Santa Águeda e o restante, que penso atingiria então cerca de 30 milhões de euros, na própria Câmara Municipal, como resultado da boa gestão desenvolvida pelo presidente Joaquim Mourão e a sua equipa, ao qual, repito, os albicastrenses muito devem.
Seguiram-se os mandatos de Luís Correia, tendo o segundo sido interrompido a partir de uma grande INJUSTIÇA, por ter como base apenas um mero erro administrativo inconsciente. Este também tinha uma grande sensibilidade para a gestão, o que conduziu a que quando saiu, teriam os Serviços Municipalizados de reservas sensivelmente os mesmos montantes que tinham aquando da sua chegada como presidente e a Câmara Municipal teria em reservas, cerca de 38 milhões de euros, o que revela bem o acerto da sua gestão.
Sei que são números por alto, até por resultarem de leituras que fui fazendo ao longo dos tempos, pelo que até desafio os responsáveis que dominam ou dominaram tais matérias a vir corrigi-los se for caso disso, pois até gostaria muito de ter certezas quanto aos mesmos.
Enfim, repito, o meu concelho teve sorte com os últimos três ex-presidentes da Câmara Municipal, o que deve ser reconhecido pelos albicastrenses, pois a eles se deve o facto de o nosso concelho ser tido, a nível nacional, como um grande exemplo na matéria em apreço. Devemos reconhecer e estar agradecidos quando a qualidade da gestão permite bons resultados, como foi o caso referido, como não podemos deixar de criticar quando algo vai mal. A vida é o que é e os números conseguidos medem sempre a qualidade das decisões tomadas, para além de que ter poupanças é muito confortável, sobretudo quando surgem problemas como o que estamos a viver com a pandemia, a qual nos pode trazer dificuldades económicas e financeiras de monta.
Termino esta série de artigos que escrevi, apenas por mero entretém, a partir da minha longa experiência de vida que já vai com 81 anos de idade, com especial realce para a minha experiência de gestor de grandes empresas e mesmo de dirigente associativo empresarial. É sempre com gosto que avalio a evolução das envolventes socioeconómicas da humanidade.

21/10/2020
 

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