A TRADIÇÃO QUE UNE TRÊS LOCALIDADES
Irmandade das Sardinhas reúne
A Irmandade das Sardinhas, tradição antiga que une os povos de Vale D’Urso, Foz-do-Pereiro e Casalinho, depois de dois anos de interrupção devido à pandemia de COVID-19, voltou a reunir.
Cumprindo as normas de distanciamento físico, estiveram presentes cerca de 27 convivas, para degustar as sardinhas assadas. Mas não faltou também o vinho, o azeite, o pão caseiro, o queijo, o caldo verde, entre outros.
Este ano o anfitrião, ou seja, quem deu as sardinhas, foi José Maria Cardoso Ferreira, da Foz do-Pereiro. No próximo ano continua pela Foz-do-Pereiro e o anfitrião é Paulo Marques.
No início de cada sessão reza-se em louvor dos falecidos da família do anfitrião, bem como do anfitrião do ano seguinte.
No final todos estavam satisfeitos com o repasto, deixando os parabéns a José Maria Cardoso Ferreira e uma palavra de reconhecimento para Cacilda e Rosária, que assaram as sardinhas, cozeram o pão e confecionaram o caldo verde, além de servirem os convivas, que reúnem no salão da sede da Associação Valdursense. Ali dispõe-se de todas as condições para o efeito, desde todo o tipo de loiça de mesa, mesas, espaço amplo, cozinha bem equipada, entre outros.
Refira-se que participam neste convívio apenas os homens. Mas as mulheres das três aldeias da irmandade também têm direito ao seu repasto. Poucas horas depois reúnem-se.
Esta tradição teve origem há muitos anos. Os antepassados reuniram-se para realizar diversas obras públicas, como o arranjo dos caminhos, erguer um muro público caído sobre a estrada, ou outro. No final, juntavam-se e organizavam uma comezana/ convívio, com sardinhas ou outras iguarias.
Hoje as obras públicas estão a cargo da Junta e da Câmara, mas permaneceu a tradição das sardinhas. Por outro lado, os antepassados colaboraram entre si em diversas tarefas. Por exemplo, quando morria alguém, era obrigatório pelo menos uma pessoa de cada casa acompanhar nas cerimónias fúnebres. Nesse tempo, o falecido era levado num esquife, semelhante a uma pequena carroça com rodas de madeira, ou numa paviola. Por caminhos de cabras, esventrados e quase intransitáveis, os homens iam-se revezando no caminho até ao cemitério, em Proença.
Aliás, hoje os mortos seguem no carro funerário, mas ainda é obrigatório uma pessoa de cada casa acompanhar as exéquias.
Paulo Marques