Edição nº 1907 - 6 de agosto de 2025

João Carlos Antunes
Apontamentos da Semana...

AS FÉRIAS. As férias para todos. As férias a que temos direito. Para as novas gerações, as férias são um dado adquirido, sempre terão existido como um direito natural. Mas o direito de quem trabalha a ter férias só foi uma conquista no século XX, com a OIT (Organização Internacional do Trabalho) a declarar esse direito dos trabalhadores em 1936. Em Portugal, vertida em lei no ano seguinte, mas apenas para uma pequeníssima minoria a ter direito a oito dias de descanso. No pós guerra, em grande parte da Europa começa a massificar-se o acesso às férias, ainda que apenas restrito a uma nova burguesia. Muito bom o retrato que Jacques Tati faz no filme As Férias do sr. Hulot (1953).
Nas nossas aldeias, férias era uma palavra que não existia. Lembro que o meu pai, pequeno lavrador, tinha as suas “férias”, alguns dias de descanso, nos dias de chuva, nas invernias. Depois de tratar dos animais, os dias eram passados à lareira a ler os jornais regionais enquanto torrava nas brasas, grandes fatias de pão caseiro generosamente untados em azeite, brasas que também serviam para grelhar alguma peça do fumeiro, produto do porquinho engordado com a vianda feita com sobrantes da horta e da cozinha. E assim se passava o tempo até que parasse a chuva e se pudesse retomar o trabalho. Este descanso forçado, não era vivido de forma tão prazenteira pelos trabalhadores agrícolas. Uma invernia prolongada, dias e dias sem trabalhar significava a jorna que não entrava no final da semana para sustento da casa. E não eram só os trabalhadores agrícolas. Nos anos sessenta, mesmo a maioria dos professores, para além de outros profissionais, não recebiam salário durante o período de férias.
Hoje, não basta ter férias e ficar-se pela sua comunidade a descansar. É preciso sair e procurar novos ares e, quase sempre, a brisa fresca do mar. As férias dos portugueses e dos estrangeiros que aqui buscam o sol, a praia, a gastronomia e a segurança, alimentam uma indústria do lazer, um setor que é, como todos sabemos, o motor da nossa economia. Por isso, se no tempo de Salazar era patriótico beber uns bons copos de vinho, que davam de comer a não sei quantos milhões de portugueses, agora, patriótico talvez seja fazer férias fora de casa e ser generoso na aplicação do subsídio de férias.
Desejo aos nossos leitores, assinantes e anunciantes, boas e retemperadoras férias a que têm direito, nas comunidades locais onde tanta animação acontece por estes dias, no campo ou na praia. Por nós, estaremos de regresso 20 de agosto. Divirtam-se, conduzam em segurança e protejam-se do sol.

06/08/2025
 

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